quarta-feira, 21 de março de 2012
VERDADES SOBRE O LIVRE ARBÍTRIO
O Livre-Arbítrio
Dt 30.19,20; Jp 6.44,65; Jo 8.34-36; Jo 15.5; Rm 8.5-8; Tg 1.13-15
Neste exato momento você está lendo estas palavras porque você decidiu, por sua
própria vontade, lê-las. Você pode protestar e dizer: "Não! Eu na decidi ler estas palavras.
Fui incumbido de ler este livro. Realmente não quero lê-lo". Tal vez esse seja o caso. No
entanto, você o está lendo. Pode ser que haja outras coisas que você preferia estar
fazendo neste momento, mas de qualquer forma você decidiu lê-lo. Você decidiu lê-lo e,
vez de decidir não lê-lo.
Não sei por que você esta lendo isto. Mas sei que você deve ter uma razão para lê-lo. Se
você não tivesse razão para lê-lo, simplesmente não teria decidido lê-lo.
Toda escolha que fazemos na vida, fazemos por alguma razão. Nossas decisões
baseadas sobre o que parece bom para nós no momento, considerando-se todas as
implicações. Fazemos algumas coisas movidos por intenso desejo. Fazemos outras sem
termos consciência de nenhum desejo. Mesmo assim, o desejo está lá, ou então não
escolheríamos fazer tais coisas. Essa é a própria essência do livre-arbítrio - escolher de
acordo com nosso desejos.
Jonathan Edwards, em seu livro The Freedom of the Will [A Liberdade de Vontade], define
a vontade como "o instrumento pelo qual a mente escolhe". Não há dúvida de que os
seres humanos de fato fazem escolhas. Eu estou escolhendo escrever e você está
escolhendo ler. Eu quero escrever e a escrita é acionada. Quando a idéia de liberdade é
acrescentada, entretanto, o assunto torna-se terrivelmente complicado. Temos de
perguntar: liberdade para fazer o quê? Até mesmo o calvinista mais ardoroso não pode
negar que a vontade é livre para escolher qualquer coisa que ela deseja. Até mesmo
arminiano mais convicto concordaria qual a vontade não é livre para escolher aquilo que
não deseja.
Com respeito à salvação, a questão é: o que o ser humano deseja? Os arminianos crêem
que alguns desejam arrepender-se e ser salvos. Outros desejam fugir de Deus, e assim
colher a condenação eterna. Por que pessoas diferentes têm desejos diferentes nunca foi
esclarecido pelos arminianos. Os calvinistas sustentam qual todo ser humano deseja fugir
da presença de Deus a menos e até o Espírito Santo opere a obra de regeneração, a qual
muda nossos desejos, para que livremente nos arrependamos e sejamos salvos.
É importante notar que mesmo as pessoas não regeneradas nunca são forçadas contra
sua vontade. Sua vontade é transformada sem sua permissão, mas são sempre livres
para escolher conforme queiram. Assim, de fato somos livres para fazer segundo
queremos. Não somos livres, contudo, para escolher ou selecionar nossa natureza.
Ninguém pode declarar simplesmente: "De agora em diante vou desejar só o bem"; da
mesma maneira que Cristo não poderia ter declarado: "De agora em diante vou desejar só
o mal". É aquele que termina nossa liberdade.
A Queda deixou a vontade humana intacta no sentido em que ainda temos a faculdade de
escolher. Nossa mente foi obscurecida pelo pecado e nossos desejos presos a impulsos
ímpios. Mas ainda podemos pensar, escolher e agir. Mesmo assim, algo terrível nos
aconteceu. Perdemos todo anseio por Deus. Os pensamentos e desejos de nossos
corações são continuamente maus. A liberdade de nossa vontade tornou-se uma
maldição. Visto que ainda podemos escolher segundo nossos desejos, escolhermos
pecar e assim nos tornamos passíveis do juízo de Deus.
Agostinho disse que ainda temos livre-arbítrio, mas perdemos nossa liberdade. A
liberdade real sobre a qual a Bíblia fala é a liberdade ou o poder de escolher Cristo como
nosso. Entretanto, até que nosso coração seja mudado pelo Espírito Santo, não sentimos
nenhum desejo por Cristo. Sem esse desejo, nunca o escolheremos. Deus tem de
despertar nossa alma e nos dar uma aspiração por Cristo antes que sejamos inclinados a
escolhê-lo.
Edwards disse que, como seres humanos caídos, retemos nossa liberdade natural (o
poder de agir de acordo com nossos desejos), mas perdemos nossa liberdade moral. A
liberdade moral inclui disposição, inclinação e desejo da alma em relação à justiça. Foi
esta inclinação que se perdeu na Queda.
Toda escolha que faço é determinada por algo. Há uma razão para ela, um desejo por
trás dela. Isso soa como determinismo? De maneira nenhuma! O determinismo ensina
que nossa ações são completamente controlados por fatores que nos são externos, que
nos obrigam a fazer o que não queremos. Isso é coerção e se opões à liberdade.
Como nossas escolhas podem ser determinadas, mas não coagidas? Porque são
determinadas por algo interior - pelo que nós somos e pelo que desejamos. São
determinadas por nós mesmos. Isso é autodeterminação, que é a própria essência da
liberdade.
Para escolhermos a Cristo, Deus tem de mudar nosso coração, e é precisamente isto que
ele faz. Ele muda nosso coração por nós. Dá-nos aspiração por ele, que de outra maneira
não teríamos. Então o escolhermos a partir do desejo que está dentro de nós. Nós o
escolhemos livremente porque queremos escolhê-lo. Esta é a maravilha de sua graça.
Sumário
1. Toda escolha que fazemos e motivada.
2. Nós sempre escolhemos segundo nossa inclinação mais forte no momento em que
fazemos a escolha.
3. A vontade é a faculdade de escolher.
4. Seres humanos caídos possuem livre-arbítrio, mas carecem de liberdade. Temos
liberdade natural, mas não liberdade moral.
5. A liberdade é autodeterminação.
6. Na regeneração, Deus muda a disposição de nosso coração e implanta em nós o
desejo por ele.
Autor: R. C. Sproul
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